quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Natal e o Ministério das Finanças

Pessimismo... Crise... Euribor... Trabalho... Crise.... Crise... Finanças... Sócrates...

Esta é uma história verídica:

«Nesta montanha russa de pessimismo, à qual tenta fechar os olhos e aproveitar a "corrida", Zeu_Na espalha-se ao comprido ao cruzar-se com uma entidade chamada Ministério das Finanças.
Este ano entrega a sua declaração de IRS de 2007 em Março do ano corrente, em conjunto com o seu chérie, uma vez que compraram a sua casinha em Dezembro de 2006 e já era altura de se "casarem" perante as Finanças, em termos do bem que têm em comum.
Processamentos à parte, lá foi a bela declaração pela Internet, tudo certinho e... zás! Zeu_Na é notificada em Julho para fazer prova da União de Facto perante o Serviço de Finanças, uma vez que em anos anteriores entregou os rendimentos individualmente.
Zeu_Na vai à Junta de Freguesia pedir a declaração de União de Facto e entrega-a ao funcionário que a atendeu nas Finanças que lhe garante que a partir dali iam processar o reembolso do IRS normalmente.
Recebe os euritos do reembolso no final de Julho e fica descansada.
Mas eis que em Outubro, Zeu_Na é novamente notificada, a informar que não poderia ter entregue a declaração em União de Facto porque não tem a mesma morada fiscal há 2 anos...
Ora bolas! Deveria Zeu_Na ter comprado a casa mais cedo???
Lá teve de entregar as declarações em separado... Zeu_Na espera 1 mês para poder fazê-lo, uma vez que os tipos da informática tinham de retirar a declaração antiga do servidor para receberem as novas... 30 dias é pouco tempo não é?
Até aqui tudo bem! Recebeu o postal para devolver o reembolso do IRS na totalidade, pagou e recebeu os cheques individuais (Zeu_Na tem valor a receber e o seu chérie também).
Fica a arder com cerca de 300 caixas de Pandora (i.e. euritos), isto porque os reembolsos rectificados são de valor inferior...
No início de Dezembro, qual prenda de Natal antecipada, Zeu_Na abre a sua caixa de correio e vê, vindas das profundezas do Inferno, duas notificações, uma em seu nome e outra no nome do seu companheiro, para proceder ao pagamento de multa pela entrega das declarações de IRS de 2007 Fora do Prazo (!!!) legal previsto!
Zeu_Na dispõe de 15 dias para pagar 2 X 50€... paga contrariada e agora?»

Agora seguem-se as cenas dos próximos episódios: sr. Pseudo Engenheiro Sócrates, faça um favor a 10 milhões de portugueses e atire-se da janela do seu gabinete. Faça 10 milhões de Portugueses felizes!
Garanto que isto não vai ficar assim... palavra de Zeu_Na!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

E se de repente tudo ficasse escuro?


Nunca morri de amores pelas obras de José Saramago, mas ando com alguma curiosidade em ver a película "Ensaio sobre a Cegueira". Talvez porque ir ao cinema hoje em dia pode ser considerado um verdadeiro luxo, não me desloquei às salas para assistir ao filme. Mas a pulguinha atrás da orelha está desejosa de saltar e aguarda com grande expectativa...
Tudo isto vem também a propósito de um episódio que tive a honra de protagonizar, em pleno centro de Lisboa, ontem à tarde: um rapaz com o seus vinte e poucos anos, de bengala na mão, andava um pouco desnorteado e ao sentir a minha aproximação pediu-me ajuda.
"Boa tarde, pode indicar-me como posso passar a estrada para ir apanhar o metro?" - questionou o rapaz. "Boa tarde, venha comigo que eu também vou apanhar o metro e levo-o até lá" - respondi.
Encaixámos os braços e lá fomos, no percurso disse-me que ia apanhar o metro para Sete Rios e perguntou-me se eu também ia para aquela zona. Não, de facto não ia, eu até detesto andar de metro! Mas não comentei. Disse-lhe que ia para a Baixa-Chiado. Falámos do frio e da meteorologia e se eventualmente voltaria a nevar em Lisboa... E a minha "boa acção" terminava assim que o deixei mesmo à porta da carruagem do metro que ele pretendia apanhar. Agradeceu-me. E eu fiquei tranquila. Aquele rapaz tinha ficado sem visão há pouco tempo, tenho a certeza. Sei que perto da zona onde o encontrei funcionam as instalações da ACAPO e fiquei triste ao equacionar se ele teria vindo de lá e que ninguém o acompanhou no regresso a casa. Será uma forma de fazer com que se habitue ao estado em que está, a ganhar autonomia?
Esta foi mais uma lição. Queixamo-nos tanto e de tanta coisa e esquecemo-nos que existem pessoas assim... que nunca saberão o que é preto e o que é branco, mas que ainda assim conseguem viver e explorar a vida usando os outros sentidos.
Que um dia consigamos seguir o exemplo destas pessoas, para também nós nos tornarmos pessoas melhores!